quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pesquisador do Hemocentro de Marília estuda Trali


A Trali é, atualmente, a principal causa de morte relacionada à transfusão de sangue, relatada aos serviços de vigilância de transfusão dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Este é um dos focos da pesquisa que está sendo realizada pelo doutor Antonio Fabron Junior, do Hemocentro de Marília, em parceria com o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre. Trali, abreviação da sigla em inglês, Transfusion Related Acute Lung Injury, é um evento adverso agudo das transfusões de hemocomponentes que contenham plasma. O interesse por estudar a doença vem desde 2003.

BlogdoCBH – Por que tem sido convidado para abordar este assunto em eventos médicos e de consenso sobre o assunto TRALI?
Dr. Fabron - Durante meu pós-doutorado na Universidade de Toronto, no Canadá, no período de julho a dezembro de 2003, participei de um estudo sobre TRALI, que foi apresentado no Congresso Americano de Hematologia (ASH), em 2003 e publicado como abstract na revista Blood. Quando do meu retorno ao Brasil, juntamente com o professor José Orlando Bordin, da Universidade Federal de São Paulo, constituímos um grupo de estudo de Trali no Brasil. Desta cooperação já foram publicados alguns artigos científicos e de revisão sobre o assunto.

BlogdoCBH - Qual a importância de TRALI na prática transfusional?
Dr Fabron - TRALI é, atualmente, a principal causa de morte relacionada à transfusão de sangue, relatada aos serviços de vigilância de transfusão dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Embora não se sabe com certeza qual a real incidência, estima-se que Trali ocorra numa frequência de 1 em cada 5.000 componentes transfundidos.

BlogdoCBH – A reação do paciente à transfusão é imediata?
Dr Fabron - Geralmente, nas primeiras 6 horas de iniciada a transfusão, o paciente apresenta dispnéia, tosse, febre, hipóxia e edema agudo de pulmão bilateral. Esta reação é causada, na maioria dos casos, pela infusão passiva de anticorpos anti-leucócitos (anti-HLA ou anti-neutrófilo específico - HNA) presentes no componente transfundido.

BlogdoCBH – Em relação as mulheres que tiveram mais de três gestações?
Dr Fabron - Estudos mostram que as mulheres, doadoras de sangue, que tiveram 3 ou mais gestações (chamadas de multíparas) são as principais envolvidas no desencadeamento desta grave reação.

BlogdoCBH – O que fazer com os componentes doados por mulheres que tiveram passado de gestações?
Dr. Fabron - Embora sejam poucos os estudos prospectivos e randomizados, alguns pesquisadores, através de ensaios clínicos envolvendo a transfusão de Plasma e de Plaquetas, tentam caracterizar se produtos de doadoras multíparas são, realmente, mais propícios de desencadear TRALI.

BlogdoCBH – Quem faz parte da pesquisa?
Dr. Fabron – Nosso grupo de estudo de TRALI, juntamente com os colegas Edemar Pereira, cardiologista e João Pedro, hemoterapeuta, do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, estamos desenhando um estudo clínico, prospectivo e randomizado, para avaliar o risco de desenvolvimento de TRALI em pacientes cardiopatas que recebem Concentrado de Hemácias obtidos de doadoras multíparas e de doadores sem fatores de risco para aloimunização leucocitária (gravidez e transfusão). Este estudo deve ser concluído em dois anos.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá Dr. Fabron
Gostei da matéria. Sou Bióloga. trabalho em banco de sangue ( NHH)da UFR em Natal, atendemos aos Hospitais do complexo hospitatar universitário. Já ocorreu que uma paciente em meu plantão foi a óbito. Ao obedercemos todo o protocolo de procedimentos que devem ser cumprido em casos de reações transfusionais, detectou-se que não ocorreu nehuma incompatibilidade por sistema ABO, e tbém o (PAI) foi negativo.
Então, ao estudarmos o caso descubrimos que foi TRALI. Portanto é de grande importância o trabalho da sua equipe.

PARABÉNS e
Boa sorte.

Maria das Graças Araújo
Núcleo de Hematologia e Hemoterapia
Universedade Federal do R.G.Norte

Unknown disse...

SI ES CIERTO LO QUE MANIFIESTA EL DR EN MENCION Y AFECTA DEFINITIVAMENTE AL PACIENTE POST TRANSFUSION AHORA ESO HACE UN LLAMADO DE ATENCION AL GRUPO DE ANESTESIOLOGIA Y CIRUGIA PARA INCLUIR EN SU GRUPO DE OPERACIONES DE QUIROFANO A UN HEMATOLOGO O PATOLOGO PARA VER ESTAS PATOLOGIAS QUE PUEDAN DARSE EN SALA DE OPERACIONES E INCLUSO EN LA MISMA INTERVENCION QUIRURGICA.
UN ABRAZO Y SALUDOS A TODOS.
Lic. Rodolfo Villarreal
TECNOLOGO MEDICO
HOSPITAL SAN JUAN DE LURIGANCHO
LIMA PERU