sexta-feira, 24 de julho de 2009

São Paulo será sede da “II Encontro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro”


O número crescente de participantes e interessados nos nossos encontros de Doenças dos Glóbulos Vermelhos e do Ferro nos confirmou a importância e o grande interesse na área das anemias e do ferro, e nos motivou a realização da “II Encontro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro”.
O Blog do CBH conversou com um dos organizadores do evento, doutor Rodolfo Delfini Cançado.

CBH - Qual o objetivo do encontro?
O “II Encontro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro” tem como propósitos: atualização científica sobre diferentes temas relacionados à anemia; reunir médicos hematologistas e hemoterapeutas de todas as regiões do Brasil interessados nesse tema proporcionando a troca de experiências, facilitar e promover estudos multicêntricos entre as diferentes instituições participantes.

CBH - Quais os participantes?
O “II Encontro do Comitê de Glóbulos Vermelhos e do Ferro” contará com a participação de palestrantes Brasileiros e dois palestrantes Internacionais (Argentina e EUA) e reunirá médicos hematologistas e hemoterapeutas de todas as regiões do Brasil, sobretudo daqueles que fazem o acompanhamento dos pacientes com anemia. Esse Encontro está sendo promovido pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
Essa reunião também contará com a participação de profissionais de outras áreas da saúde como serviço social, psicologia, enfermagem, além de representantes de entidades específicas em prol dos pacientes como ABRASTA e APROFE.

Quais os principais temas?
Os principais temas deste Encontro são: Deficiência de Ferro e Anemia Ferropênica, Tratamento da Anemia com Eritropoetina, Doença Falciforme, Avanços no Tratamento da Sobrecarga de Ferro, Hemoglobinúria Paroxística Noturna e Talassemias.
A deficiência de ferro, mais do que um problema de saúde pública, é um problema global: estima-se que 30% da população do planeta apresente algum nível de deficiência de ferro. Na maior parte das pessoas, essa carência não terá repercussão orgânica mais grave. Mas deficiência de ferro mais importante produz uma doença insidiosa: a anemia ferropênica. Não é doença da fome, mas da alimentação desequilibrada, cuja quantidade de ferro não consegue atender o requerimento diário deste metal em crianças, adolescentes e mulheres em idade fértil (vítimas preferenciais da doença por causa das perdas menstruais).
As Talassemias e sobretudo as Doenças Falciformes (que, segundo o Ministério de Saúde do Brasil, há cerca de 25.000 pacientes e o nascimento de 3.500 crianças com Doença Falciforme por ano) representam um desafio quanto ao diagnóstico, acompanhamento adequado e tratamento correto. Nesta reunião serão abordados os avanços no conhecimento da fisiopatologia, tratamento transfusional, uso de hidroxiuréia e transplante de células-tronco hematopoéticas.
Com relação à sobrecarga de ferro transfusional, o grande avanço que tivemos em setembro do ano passado foi a inclusão do medicamento deferasirox na lista de medicamentos excepcionais para o tratamento dos pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde. Trata-se de agente ferroquelante aprovado para o tratamento de pacientes dependentes de transfusão como talassemia, doença falciforme, síndrome mielodisplásica, anemia aplástica, a partir de 2 anos de idade, que apresentam sobrecarga de ferro. Nesta reunião, serão discutidos os principais aspectos quanto às indicações, eficácia e perfil de segurança dos quelantes de ferro disponíveis no Brasil.
Pacientes com câncer frequentemente apresentam anemia, seja em decorrência da própria doença ou do tratamento antitumoral a que são submetidos. Nesses pacientes, a anemia está associada a sintomas como tontura, prejuízo das funções cognitivas, fadiga e depressão, os quais exercem um impacto negativo sobre a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, para diversos tipos de neoplasia, foi demonstrado que a presença de anemia representa um fator de pior prognóstico para a sobrevida dos pacientes. Por muito tempo, a transfusão de hemácias era a única opção de tratamento para pacientes com câncer anêmicos. Uma alternativa à transfusão surgiu no final da década de 80, com a introdução das eritropoetinas recombinantes; desde então, a abordagem terapêutica para o manejo da anemia foi facilitada. Nesta reunião, serão discutidos os tratamentos disponíveis para a anemia no paciente com câncer, particularmente o uso de eritropoetina recombinante no tratamento de anemia induzida por quimioterapia e seus benefícios quando administrada conforme as indicações da bula.
Neste ano também será discutido importantes aspectos sobre a Hemoglobinúria Paroxística Noturna, sobretudo sua fisiopatologia, diagnóstico e avanços no tratamento como o uso do Eculizumabe e o transplante de células-tronco hematopoéticas.



Rodolfo Delfini Cançado – Professor Adjunto da Disciplina de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Membro do Grupo de Assessoramento Técnico em Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias do Ministério de Saúde do Brasil, Presidente do Anemia Working Group – Brasil.

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